Visitando as livrarias e conversando com pessoas com muita
experiência no mercado de livros infantis, tenho me dado conta que as editoras
especializadas em livros infantis vivem um momento muito delicado na sua
relação com os pontos de vendas.
Não, não me refiro ao desafio dos livros digitais para
crianças, mas embora pudesse incluir neste rol de preocupações mais este
elemento, este ainda não é a mais preocupante no momento, pois estou
falando de aqui e agora e ainda há tempo para que a versão digital dos livros
infantis represente o mesmo impacto que a situação atual já apresenta.
Que o livro infantil é um dos gêneros que mais forte apelo
de compras exerce sobre os visitantes de livrarias é fato conhecido por todos
que atuam na área. São os livros voltados para a criançada que motivam pais e
mães a incluírem em seus passeios uma visita a uma livraria e, apesar do livro infantil
ter na média um preço de capa inferior aos livros de ficção e não ficção para
adultos está nesta área da livraria o grande segredo para gerar faturamento com os
livros das outras prateleiras das lojas.
De uns tempos para cá, algumas redes de livrarias estão lançando
as suas próprias edições nesta área, dando evidentemente muito maior exposição
para as obras produzidas pela própria casa do que para as demais editoras. E
como livro infantil é possivelmente o item que mais vende pelo impulso, ou
seja, depende demais da visibilidade nas vitrines e gondolas, quem tem melhor
exposição vende, quem não tem, desaparece, isto se estas livrarias ainda
fizerem pedidos dos demais catálogos, o que tende a diminuir a cada dia.
Bem, aí vem a parte nada divertida do segmento, as editoras
que já viam a cada dia surgir um novo concorrente, brigando com as mesmas armas
pelas cobiçadas prateleiras para a garotada, veem entrar agora na corrida um
concorrente muito desigual. Repare bem que não vou discutir a qualidade
editorial do material produzido pelo próprio varejo, deixo isso para especialistas,
no que diz respeito à apresentação dos livros, são impecáveis, bonitos e com
preços atraentes. Mas faço um alerta para o editor que está habituado a obter
um número de exemplares quase que garantido nestas livrarias para que refaçam
suas contas de tiragem ou mudem suas estratégias para os pontos de vendas,
buscando construir já uma
relação satisfatória e eficaz com outros canais, para que quando outras redes
adotarem o mesmo recurso não se vejam de uma hora para outra com toda a tiragem indo
parar nas prateleiras onde ninguém quer ver os seus livros. Nas prateleiras de
seus depósitos.
Uma alerta para os livreiros é que muito provavelmente este
movimento de reação das editoras vai leva-las a atuar de maneira mais enfática
em supermercados e outros estabelecimentos de autosserviço, o que obrigará o
livreiro a fazer da sua seção de livros para crianças algo mais do que um local
para empilhar livros coloridos, mas um departamento envolvente, onde os pais e
mães realmente vejam vantagens em comprar seus presentes e mimos para filhos,
sobrinhos e afilhados, ao invés das prateleiras impessoais dos supermercados.
Aliás, sempre que conversamos com editores estrangeiros que visitam o Brasil,
eles não se conformam que não tenhamos aqui nos supermercados vendas de livros de
forma mais regular. A constatação deles
é clara, nossos supermercados vendem os
livros das listas de mais vendidos ou os chamados bargain books, o nosso bom e velho “saldo”. Uma seção com livros novos, bem expostos e
organizados ainda não existe.
Você prestou atenção no grifo nas palavras “ainda não existe”?
Pois bem, quem vende livros infantis , seja como editor ou
como livreiro, precisa levar este assunto muito a sério, porque depois não
adiantar fazer beicinho e dizer “Tô de mal!”.
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Um comentário:
Maravilhoso espaço..adorei!! abraçosss
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