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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Concluiu-se a Bienal. Temos conclusões?

Nos últimos dias da Bienal, o jornal Folha de São Paulo publicou a carta enviada pela Editora Scortecci para os expositores desta edição, se bem que o barulho mesmo aconteceu na internet, nas redes sociais que compartilharam amplamente suas observações. Clique aqui para ler o texto integral.

Resumindo muito rapidamente as preocupações levantadas pelo meu amigo João Scortecci, ele considera que a Bienal está morrendo, o modelo não funciona mais e precisa de mudanças, ele lembra até mesmo dos modelos da Virada Cultural e lamenta dizer que não irá mais participar como expositor. O Ingresso é caro, o estacionamento caro e comer nos estabelecimentos do evento são igualmente dispendiosos.

Um dia depois a CBL enviou aos associados uma News Letter apresentando vários aspectos positivos da organização do evento deste ano, apresentando números que reforçam a importância do evento.Clique aqui para ler na íntegra.

Quem tem razão ?

Eu que não sou de subir no muro, respondo peremptoriamente. 
_Ambos!

A Bienal ficou mais cara sim é verdade, mas São Paulo ficou muito mais cara. Esta foi a terceira edição que tivemos a oportunidade de ter o Anhembi como cenário da maior festa do livro da América Latina, com exceção do México. Sempre foi um sonho dos profissionais ocupar o melhor palco da cidade para este evento. Mudaram as plataformas, mudaram as expectativas... Mudou o mercado.

Fomos acostumados com um mercado em que quase não há barreiras de entrada, é relativamente fácil alguém montar um editora e começar a lançar livros, correndo o risco de acertar um best-seller e desbancar da lista de mais vendidos uma outra empresa com muitos anos de mercado. Lógico que falando assim parece desrespeito com o trabalho monumental que estes empreendedores tem quando investem suas economias, conhecimento e suor do rosto para inaugurar uma nova casa editorial, mas em nenhum outro mercado isso é possível. Somente no mundo do Livro.

Nos últimos anos esta barreira pode estar sendo  construída baseada na capacidade de investimento em marketing e na sintonia que estas empresas conseguem criar com seus públicos, lançando mais e mais obras para atender um público que estaria disposto à abrir suas carteiras e pagar pela obra finalizada. 

A Bienal é uma feira cada vez mais internacional, escolher sua data de organização exige encontrar não só calendário disponível no centro de exposições, mas também uma data que permita que este evento tenha sua dimensão global devidamente respeitada, se for apenas para fazer uma feira de livros, existe de fato soluções mais baratas.

Ainda acho que comemorar  os números crescentes  de visitantes na Feira é um elemento muito fraco da avaliação de seu sucesso. Precisamos de mais detalhes e de uma maneira mais transparente de sua conferência, digo isso apenas para avaliar os resultados imediatos, porque os benefícios que advém dos cursos, palestras, encontros com autores e tantos outros eventos importantes que acontecem ao longo de seus 10 dias, para isso ainda não inventou-se uma trena que dê conta da empreitada.

Mas alguns perguntas simples precisam de respostas diretas e precisas:

  • Qual o valor total das vendas realizadas aos consumidores durante os 10 dias da feira?
  • Quantos livros foram vendidos e qual seu preço médio?
  • Qual o índice de conversão de compras baseado na visitação da feira?
  • Que tipo de assunto foi mais comprado?
  • Quais foram as faixas de preços mais adquiridas?
  • Qual o ranking dos títulos? Será que com uma oferta muito mais ampla, aquela lista tradicional de 30 títulos Mais Vendidos ainda é a mesma?
Baseado em alguns comentários, posso supor que livros voltados para o público adolescente deixaram suas editoras plenamente satisfeitas com o resultado. Isto é um fato?

Está previsto para  2013 a chegada do BookScan, serviço de pesquisa de mercado realizado pela Nielsen, com informações capturadas diretamente nos pontos de vendas e um grande volume de análises quali e quantitativas. Seria importante que nos grandes eventos houvesse uma apuração nos mesmos moldes, onde as vendas poderiam ser analisadas pelos expositores, confrontadas com outros resultados para ajudar que editores, livreiros e distribuidores saíssem deste contato maciço com o consumidor final por 10 longos dias, com algo mais que apenas a leitura dos fechamentos de seus caixas frente aos custos desta empreitada e o inevitável cansaço que sempre acomete aos participantes da Bienal.

Quando dizemos concluir, pode parecer que estamos dizendo acabar. Mas conclusão também quer dizer tomar decisões, ponderar  sobre dados obtidos e escolher caminhos.

Qualquer avaliação sem ter todos indicadores ao alcance das mãos, pode nos induzir à erros e ai sim, teremos a expressão "Concluída" aplicada na sua pior definição que é igual "Acabada" e eu não tenho a menor dúvida que a Bienal  está muito longe disso. As novas tecnologias e o aprendizado com esta crescente participação de outros países ainda tem muito o que oferecer para todos nós, Viventes do Livro.

Acho que a estrada está certa, mas as placas precisam de mais informações.




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