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terça-feira, 23 de julho de 2019

Chega de empreendedorismo inútil !


Há uns 5 anos atrás, por motivos profissionais, fui parar em uma convenção dessas de empreendedores de palco. 
Eu já conhecia o termo, mas pensava que apenas era uma referência ao fato de que estes profissionais fossem habilidosos no uso da palavra.

Só ao entrar dentro daquele ambiente de catarse coletiva, quase uma igreja, eu pude entender o real significado da expressão. 


Eu via todo mundo reagindo aos palestrantes como se fossem as colegas de trabalho do Sílvio Santos e eu sem entender porque as pessoas se prestavam aquele papel, ao ponto de pensar que  era eu quem  estava errado, era eu que estava sendo um tolo ao não enxergar "aquelas verdades". Como que todo mundo estava excitado com aquilo e eu não? O que havia de errado comigo?


De lá para cá pude acompanhar muita gente desavisada ter suas vidas seriamente comprometidas por conta desses discursos vazios e sem sentido.

Esse discurso do empreendedorismo elevado quase que a uma prática messiânica traz muito mais prejuízos que benefícios, se é que traz algum.

Desde este evento que citei este comportamento só tem piorado, o termo empreendedor que quase não se ouvia falar até 10 anos atrás virou ladainha constante junto com a a deturpação do termo coach. Hoje em dia não se consegue ler três postagens do Linkedin sem tropeçar umas 10 vezes nestas duas palavras (só nesse post já repeti umas 5 vezes).

Quando vejo a quantidade de empresas e projetos que foram criados nos últimos anos seguindo esta espiral de ilusão, penso na quantidade de tempo desperdiçada, quantos jantares com a família, quantos encontros com amigos, quantos cinemas foram cancelado para participar de reuniões inúteis noites adentro, sábados e domingos dedicados a terminar um Businnes Plan inadiável e que resultaram apenas em 3 linhas no CV das pessoas que tiveram suas vidas roubadas porque tudo era tão urgente e o sucesso não podia esperar.

Aprendi com Antonio Callado que o tempo não é dinheiro. O tempo é o tecido da vida. Roubar nosso tempo de lazer, de convivência com as pessoas que estimamos e nos fazem bem é uma violência que temos nos permitido cometer e temos que acabar com isso.

Chega de empreendedorismos inúteis. Chega de desperdício de vida. Se um projeto, uma empresa não tem como objetivo permitir que a sua vida e de todos que o cercam seja melhor, ele é inútil. Porque no final só sobram as mágoas das pessoas das quais abrimos mão para fazer o último slide daquele power point que de nada serve para nossa vida hoje.

Se você chegou até aqui é porque sabe o que estou falando. Acredite-me, existe vida fora da correria. E como dizem meus amigos da viola, "Bão dimais da conta"





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