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domingo, 17 de fevereiro de 2019

OS ERROS CONSTANTES DOS AGENTES DE SEGURANÇA NO VAREJO


Seria importante a partir deste crime  absurdo ocorrido no Supermercado Extra no Rio de Janeiro que tirou a vida de  Pedro Gonzaga, um jovem de 19 anos, que os varejistas se dedicassem a rever todas suas politicas de segurança e controle de perdas, como preferem chamar alguns lojistas.

Culpar apenas o agente de segurança, Davi Ricardo Moreira Amâncio, é muito fácil para todos. O erro, o crime começa a ser cometido muito antes. Crimes como esses são cometidos na hora que um executivo decide reduzir ainda mais os custos operacionais, contratando empresas que não fazem uma triagem rigorosa de seus contratados. Quem lida com este tipo de trabalho vive sempre em estado de alerta. Uma pessoa que tenha um mínimo de tendência para perder equilíbrio, vivendo este clima se torna uma bomba relógio pronto para explodir e gerar uma tragédia como essas.


Vou contar um caso pessoal, agora que a Fnac já não existe mais no Brasil posso relatar de forma bem transparente. Ao chegar no Brasil e adquirir a varejista brasileira Ática Shopping Cultural, o Grupo francês substituiu vários prestadores de serviços que atuavam na empresa. Isso é natural. O mesmo se passou com a empresa de segurança. Eu, como Diretor de Loja participei do processo de avaliações das novas empresas contatadas. A escolhida pelo Direção Internacional, que possuía entre seus representantes um executivo também de origem francesa nunca havia feito segurança em uma empresa de varejo. Só tinha experiencia em bancos e empresas que não realizavam comércio de itens com porta aberta ao público.

Devido às relações amistosas entre Direção Internacional e o executivo da empresa de segurança (sim, empresas estrangeiras também gostam de jeitinho, não é só brasileiro não) optou-se por esta, mesmo com minha opinião em sentido contrário.

Quem já trabalhou em varejos de grandes superfícies, em especial com produtos de alto valor e pequeno tamanho, sabe que no mínimo umas duas ocorrências de tentativas de furtos e outras coisas acontecerão no seu dia de trabalho. É uma constante. Todos os dias haverá alguém sendo pego tentando roubar, agredir um funcionário ou qualquer outra coisa que faria qualquer pessoa que nunca teve convivência com coisas do gênero a ter índices de stress bem acima do normal.  Como a empresa escolhida não tinha nenhuma experiência nesses casos, vivi dias de terror com abordagens precipitadas, constrangimentos e erros despropositados nesse tipo de atuação.

Os erros da equipe começaram com os executivos da empresa que não se atentaram para o óbvio.  Esse mundo pavoroso que vivemos em que tudo se traduz em números na planilha de DRE e a dignidade humana e o respeito pelos funcionários ficam em segundo plano gera tragédias como essa. Esse caso só veio à tona porque seu desfecho foi o maior dos absurdos possíveis, mas todos dias, em possivelmente todos os estabelecimentos do país, um jovem negro, pobre, será submetido a algum constrangimento, possivelmente até agredido fisicamente.

Lamento dizer, mas até que os prejuízos por ser responsabilizado por estes crimes diários seja maior do que alguns pontos percentuais numa planilha de DRE, esta realidade não será alterada.


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