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sábado, 21 de dezembro de 2013

As livrarias da Bahia, um novo capítulo

Graças à nota do PublishNews, não precisei eu mesmo dar aqui a noticia de minha contratação pela editora Planeta.

Nem preciso dizer da minha satisfação com esta novidade, agora cabe à mim o desafio de implementar ações que sempre desejei que editoras realizassem no relacionamento com livrarias e distribuidoras. Confesso que só aceitei a proposta, porque a nova direção que empresa trouxe ao Brasil pensa da mesma forma.

Dito isto gostaria de voltar ao tema no título deste post. Enquanto escrevo este texto, olho da minha janela o novo Shopping Center Salvador, aqui na capital baiana onde vim para acompanhar o lançamento do livro do jornalista Marcelo Rezende, Corta pra Mim.

Não lembro quando foi a última vez que estive nesta cidade, creio que foi bem no inicio da Superpedido, há mais de 10 anos. O que houve com as livrarias da capital baiana é emblemático sobre o desafio que vivem as livrarias no Brasil.

As Livrarias
Quando visitei Salvador, tantos anos atrás, ainda não havia desembarcado por aqui nem as livrarias paulistas Cultura e Saraiva, nem a mineira Leitura. Ainda podia-se encontrar várias lojas da tradicionalíssima Civilização Brasileira, algumas lojas da Distribuidora de Livros Salvador (DILIBA) e umas tantas lojas pequenas independentes. 

Civilização Brasileira e DILIBA, não deixaram nem rastro na cidade. É triste, mas ao analisar um pouco as histórias das duas, não podemos de forma alguma dizer que a “culpa” destes acontecimentos seja das livrarias “invasoras”. Se culpa há, esta deve ser creditada ao modelo de negócios que estas empresas utilizaram ao longo de toda sua história e, quando passaram a ser geridas pela segunda geração dos fundadores, não foram hábeis o suficiente para mudar a rota e poder lidar com as mudanças culturais, tecnológicas e operacionais dos novos tempos.

A belíssima livraria Grandes Autores, há bem mais tempo não sobreviveu aos financiamentos e atrasos de pagamentos de vendas a órgãos governamentais. A antiga Livraria Cultura da Bahia, além de ter que mudar de nome, quando a pioneira no uso da marca aportou por aqui, mudou também de ramo de negócios, hoje está praticamente dedicada à papelaria e presentes, reduzindo a área de livros à apenas alguns best-sellers.
As livrarias que não tem segmentação, que buscam o  público generalista, ou se modernizam ou perdem para a concorrência das grandes e bem planejadas lojas das grandes redes.  Entre as livrarias baianas que continuam firmes e fortes, fico feliz em citar a livraria Jhana. Focada no segmento esotérico e espiritualista, mudou sua loja do shopping Itaigara, para um pequeno centro comercial do outro lado da rua, movimento ajudou a loja a recuperar investimento imobilizado, montou um pequeno depósito para administrar o estoque e transferiu os títulos para uma loja menor, de onde continua oferecendo dicas de leitura a um público fiel e dedicado. Usa de forma muita elementar, mas eficiente, as redes sociais e mantém o espirito de livraria independente sempre ativo. Ah, um detalhe. Usa pouquíssimo de aquisições por consignação, como o proprietário conhece muito bem seus livros e seu público, o faro para acertar as aquisições continua apuradíssimo. Como vai a livraria? Muito bem, obrigado! Marcos Marinho continua sendo um livreiro das antigas, usando tudo que é  novo com naturalidade, sem deslumbramentos, mas sem rejeições.

Considerações livreiras

Resumo da ópera, se você está no mercado de livrarias de Interesse Geral, ou seja vende todo tipo de livros, mesmo que sua cidade não corra o risco de receber um concorrente deste quilate, escolha um foco para ser seu diferencial, tenha domínio do produto e aprenda a desenvolver a sintonia fina com seus clientes. Cuidado ao participar de licitações para vendas ao governo, qualquer problema de atraso de pagamento destas instituições, que ocorrem, poderá custar o seu capital de giro e consequentemente a continuidade da sua empresa.

Se o seu serviço não é bom, se o mix de produtos não atende o interesse deste novo tipo de cliente, se seu ponto não é agradável para se estar, nem precisa uma blockbuster no seu quintal, além das livrarias PontoCom brasileiras teremos em muito breve a Amazon fazendo de tudo para captar os corações de leitores que estejam dando sopa por ai.

Se sua livraria está indo bem, mas depende apenas e tão somente de você, comece desde já a planejar a sucessão, não deixe que intrigas e brigas familiares encerrem a história que você começou à contar.
Acredite-me, até pode acontecer de coisas fora de nosso controle intervirem de forma brusca no nosso negócio, mas normalmente os sinais são dados muito antes, de forma que possamos reagir e reverter, ou até mesmo vender para alguém que possa dar continuidade, porque está mais preparado e disposto para isso. Afinal de contas, você tem o direito de não querer continuar agora que ser livreiro virou briga de cachorro grande.

Mas não deixe que o tempo apague uma história, senti uma grandes tristeza ao entrar no Shopping Iguatemy e saber que não iria visitar a Civilização Brasileira e passear pelas prateleiras frequentadas por Jorge Amado, Dona Zélia, João Ubaldo. Milton Santos   e tantos outros autores baianos que deram aquelas estantes a magia que somente uma livraria com muita história pode contar.


3 comentários:

seguidores do instagram disse...

adorei o blog

ganhar views no youtube disse...

ótimo blog, adorei o post!

Anônimo disse...

Eu comprava livros na livraria Jhana quando eu era criança - ela ainda se localizava no shopping Iguatemi. Ainda lembro da tristeza que me bateu por um dia ter chegado no shopping e encontrado aquele lugar vazio, porque eu achei que a livraria tinha fechado. Então, você não imagina como eu fiquei feliz agora de saber que ela ainda está de pé! Hoje em dia eu sou bastante não esotérica, então não combino em nada com a loja, mas as boas memórias de escolher meus próprios livros quando era menor ainda permanecem!