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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Quando somar é igual à diminuir


As oportunidades que surgem quando empresas do porte da Penguim e da Random House se fundem, sem dúvida saltam aos olhos.  Sugiro a leitura do artigo do Carlo Carrenho no blog do PublishNews para explorar os vários desdobramentos internacionais que este empreendimento traz consigo.

Mas com certeza os executivos destas duas empresas tem em mente muito mais do que somar suas receitas e catálogos. A conta de subtração faz parte deste raciocínio também. Basta imaginar que em todos os locais em que as duas empresas estão instaladas, há uma réplica de uma infraestrutura toda montada para que estas companhias funcionem adequadamente. Administração, Finanças, Logística, TI, Contas a pagar, Contas a Receber e tantos outros departamentos que são absolutamente similares às duas marcas e que não há grandes diferenças do que é feito em uma ou na outra editora. Portanto, uma redução dos quadros e dos custos de instalação é um caminho natural a ser seguido.


É sempre preciso ter em mente que empresas buscam rentabilidade, a maneira mais simples de fazer esta equação é “Receitas – Despesas = Resultado”. O cenário que o mercado internacional apresenta é que a cada vez mais, menos receita será gerada nos caixas das editoras. Seja por uma redução de mercado, por conta da crise que assola Europa e Estados Unidos, ou seja pela ampliação das vendas de livros digitais. Ao contrário do que muita gente imagina o e-book não reduz tão drasticamente os custos editoriais, dependendo das implicações, pode ter um custo de produção até maior que o livro impresso, mas seu preço médio é bem inferior ao do livro em papel.  

Portanto, com menos dinheiro entrando no caixa e com poucas perspectivas de crescer suas vendas organicamente, o movimento mais sensato para manter aquela equação acima no azul é incorporar receitas e reduzir despesas.  Departamentos mais sensíveis às marcas, como editorial, divulgação e grande parte das áreas comerciais, devem manter boa parte da equipe, mas no restante das empresas a tendência é que funções similares tenham uma redução de no mínimo um terço do total das duas equipes.

Que implicações isto tem para nós aqui no Brasil?

Empresas mais enxutas e mais rentáveis, são mais competitivas, ou seja, são  mais difíceis de enfrentar. Se trouxerem  este modelo para o país, trazem também mais desafios para quem está no mercado. Na negociação de direitos, terão mais parceiros estratégicos para dar prioridade (veja artigo do Carlo Carrenho citado acima) e se a editora está mais estável, a busca é por vendas por melhores margens, então vão tentar vender cada vez mais caro seus títulos. Ao mesmo tempo com a soma de suas artilharias, ficam mais forte para enfrentar o poderio da Amazon, e ter alguém em condições de fazer frente às condições restritivas da gigante do varejo é importante neste momento que ela aporta por aqui.

Esta é uma estratégia que pode ser replicada aqui?

Sim, desde que entre uma  das editoras envolvidas numa fusão haja  pelo menos uma muito competente nos quesitos operacionais e administrativos, condição indispensável para o sucesso de uma fusão.

Quem já passou por uma fusão ou aquisição sabe que no Power Point e no Excel tudo funciona muito bem, na hora de trazer a lógica pensada nas salas de reuniões para o mundo real, é indispensável ter gente com muito conhecimento do mercado e de processos e, principalmente muito tato no relacionamento humano para conduzir uma empreitada desta envergadura, porque no mundo real existe gente, e gente certa no lugar certo é fundamental para que as coisas funcionem bem. Escolher quem fica e quem sai, não é tarefa fácil nem agradável de fazer, mas precisa ser feita para o bem de todos.

Normalmente no inicio dos processos de integração há um vácuo que faz com que a nova empresa criada apresente resultados inferiores à soma das duas antes em separado, este é o momento que a concorrência pode explorar a oportunidade, caso este tempo de acomodação seja muito longo.

Repetindo o sugeri na semana passada quando vieram  à tona as especulações sobre a aquisição da Saraiva pela Amazon, o que sua empresa está fazendo neste momento para lidar em um mundo cada vez mais competitivo?

Está esperando o que para colocar sua estratégia em prática?

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