Na semana passada, um comentário feito por uma diplomata do
Senegal, que fazia parte de uma delegação de diplomatas africanos de língua francesa
em visita ao Brasil para realização cursos, teve uma repercussão pequena na
imprensa, mas me recuperou uma questão que eu já havia me proposto há algum
tempo atrás e acabei deixando passar sem tocar no assunto. Fatou Gaye Diagne,
visitando pela primeira vez o país fez uma constatação óbvia, mas ignorada na
maior parte do tempo. “Não entendo que há anos da escravidão,
tanto em instituições públicas quanto em privadas, não há sequer um brasileiro
com origens africanas em altos cargos”, Clique
aqui para ler mais sobre o caso no Blog do Nassif
Volto ao assunto agora, justamente quando o Governo Federal
anuncia a intenção de reservar vagas no serviço público federal para negros.
Ainda em avaliação pelos departamentos jurídicos e econômicos da Casa Civil,
esta notícia sim ganhou ampla repercussão na imprensa, tratando a questão com
muito destaque, lamento dizer que neste caso, de forma negativa.
O assunto é delicado mesmo. Já há tempos me pergunto por que
no mercado editorial, há tão poucos negros em cargos executivos. O que ocorre é
que esta situação não é exclusividade do nosso mercado. A situação se repete em
vários outros segmentos. Me dei ao trabalho de varrer a minha agenda e comparar
os nomes ali cadastrados e me lembrando de suas fisionomias fazer uma conta
rápida para ver se não estava sendo exagerado.
Infelizmente esta ação me deixou ainda mais incomodado. A
minha face ficou corada, isto porque apesar da herança negra em meu sangue,
aconteceu de eu nascer com aquela cor de pele que fica cor de rosa quando toma
sol. Num momento em que a homofobia entra numa campanha eleitoral, ações
afirmativas são tratadas como ameaça à democracia ( sim é verdade, veja
aqui no blog do Reinaldo Azevedo) e precisamos ser chamados à realidade por
uma diplomata estrangeira, sinto que precisamos encarar de frente este assunto.
Um livro que frequentou a lista de mais vendidos anos atrás gritava no seu
título, “Não Somos Racistas”, mas me parece que a realidade exposta com
delicadeza pela diplomata Senegalesa cala mais fundo na alma daqueles que não
aceitam injustiças.
Como diria Chico César: Deve ser legal ser negão no Senegal. Aproveite e assista o vídeo:
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