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sábado, 28 de janeiro de 2012

À quem interessam as noticias catastróficas sobre o mercado de livros?

Sem dúvida vivemos no mercado editorial um momento histórico, que as decisões tomadas aqui irão definir no futuro quem fica e quem sai do jogo. Foi assim quando iniciou-se o processo de automação comercial em livrarias, quando começaram à surgir as megaslivrarias, quando o e-commerce ganhou volume, ou seja, sempre que há  movimentos de inovações tecnológicas, mudam-se as regras do jogo. Importante lembrar que aqui estou só me referindo aos acontecimentos que presenciei nos meus 30 anos de mercado, se buscarmos na história poderemos acrescentar centenas de exemplos parecidos. Livrarias, editoras e distribuidoras são postas em xeque e assim será sempre que surgir alguma coisa que nos obrigue a fazer diferente aquilo que vinhamos fazendo sempre.

Eu vi o fim do livro ser anunciado quando surgiram as os produtos multimídia em CD-ROM (pra que serve mesmo?) quando o conteúdo gratuito na internet se disseminou, com as primeiras experiências com livro digital no início dos anos 2000 e agora, mais uma vez com a proliferação de diversos gadgets que permitem a leitura de arquivos digitais.

Corroborando os argumentos catastróficos, apresentam a diminuição de vendas do livro impresso no mercado americano e europeu, sem lembrar que estes países sofrem com uma crise financeira violentissima desde 2008. A falência da rede americana de livrarias Borders no ano passado, que sozinha contribuiu fortemente para a redução de 10% dos pontos de vendas de livros nos USA, deveu-se muito mais à má gestão da empresa, do que aos efeitos do livro digital sobre suas vendas.

O artigo que o PublishNews publicou esta semana (clique aqui para ler o artigo completo), em que as grandes livrarias brasileiras manifestam intenção de continuar seus investimentos em livrarias físicas, por si só é esclarecedor do óbvio. O varejo de livros também é regido pela saúde da economia. E a economia brasileira, para quem não sabe, vai muito bem obrigado.

Evidente que estas lojas estão investimento em e-commerce, livros digitais e diversificação de mix de produtos para atender seus clientes, porque o mundo mudou e com ele as livrarias, que não podem continuar sendo só  um ponto de vendas de livros apenas.

Só não mudou a mente perniciosa de quem para se dar ares de importância, decreta o caos para que suas palavras sejam ouvidas e lidas por mais gente.

Livrarias, editoras e distribuidoras fecham não porque uma nova tecnologia surgiu, mas porque as empresas não aprendem a lidar com as mudanças e as novas exigências de seus clientes, o livro digital pode ser um amplificador do consumo de leitura, ao invés de um inimigo das empresas da cadeia.

Porque ao invés de se gastar tinta e papel, além de um entulhados de páginas hmtl, descrevendo cenários de pavor e destruição, não se debruçam sobre o elementar no nosso mercado? Empresas fracassam quando são mau geridas! Ou será que isto seria tirar a muleta de quem não quer aceitar que competência é predicado necessário também para quem quer ser editor, livreiro ou distribuidor?

Na verdade talvez seja apenas porque tocar a trombeta chame mais a atenção do que convidar à reflexão criteriosa.

5 comentários:

Bruno Nóbrega de Sousa disse...

Salve, Gerson, tudo bem? Estava à procura de material na internet, que servisse como defesa de tese para a editora em que trabalho (pequenina, mas valente) comece a produzir e-books. Acabei chegando a algumas de suas apresentações no slideshare. Bastante esclarecedoras, diga-se. Numa delas, porém, encontrei um infográfico em que você afirma ser inviável a distribuição editora/cliente final. Fiquei curioso acerca dessa afirmação. Por que a venda direta de e-books entre uma editora independente e seu cliente final seria inviável? Desde já agradeço. E parabéns pelo blog. Abraço, Bruno.

Vania Lacerda disse...

Certíssimo, Gerson, o mercado de livros no Brasil vai muito bem, obrigado. Apenas virou um mercado de gente grande. Realmene não vejo espaço para pequenas e medias empresas. Salvo honrosas exceções, que sempre exsitem. Como regra, as mega-stores não deixam espaço para as livrariazinhas, como os supermercados não deixam expaço para os mercadinhos.

Profissional disse...

Agradeço à Vania pela participação, de fato se somente as grandes investirem em buscar alternativas, somente elas sobraram, ser pequeno não é impeditivo para se atualizar, mas comparar a quantidade livrarias que até hoje não montou um e-commerce, hj em dia é muito barato faze-lo e funciona como alavancador de vendas da loja fisica.

Profissional disse...

Ola Bruno, obrigado pela participação.
É lógigo que qq editora pode vender seus e-books diretamente, apenas defendo que este modelo não é sustentável. A experiência de compra é determinante no sucesso de um negócio. Como consumidor não tem a menor graça entrar no site de cada editora para adquirir os livros que desejo, é muito mais prazeroso ir à uma loja, virtual ou não, e lá ser estimulado com uma variedade de ofertas que me ajudem a decidir minhas compras. Se um livro for um estrondoso sucesso de vendas, pode ser que alguém decida ir ao site da editora apenas para comprar aquele livro,mas no mundo fisico ou no virtual, o impulso é o mair decisor de uma compra e grandes centros de compras tendem a ser mais bem sucedidos nestas circunstâncias. Espero ter ajudado.

Bruno Nóbrega de Sousa disse...

Gerson, muito obrigado pela presteza na resposta. Bem, a fatia de mercado com o qual a editora em trabalho atua é bastante específico, mas tem grande potencial no Brasil. Você acredita que o fato de se tratar de um assunto mais segmentado seja um ponto que fala a favor da venda direta? Ou seria o exato oposto? Abraço!